sexta-feira, 11 de maio de 2012


CENTENÁRIO DE GRANDE PINTOR E GRANDE POLITICO.
                          Victor J. Faccioni
                           Já teria feito, cem anos, Guido Fernando Mondin, falecido em 20 de maio de 2000, pois nasceu em 06 de maio de 1912, em Porto Alegre. Centenário, de um grande homem público e de um grande pintor, que de certa forma continua vivo, em suas belas telas, de tão hábil mão e visão de pintor. Mas não seria somente o artista a nos motivar sua lembrança, como também o homem público, político de grande liderança, pelo que foi mais conhecido no Estado, desde Caxias do Sul e depois Senador e Presidente do Tribunal de Contas da União.
                          Em 1950, concorreu à Prefeitura de Caxias do Sul. Dessa campanha, tal o espírito extrovertido e hilariante de Mondin, que contam episódios. Um até parece lenda. Os antagonistas teriam programado um “enterro simbólico” da sua candidatura. Quando o cortejo fúnebre passava pelo centro, Mondin, de chapéu, capote de lã e manta, rosto quase coberto, se incorporou e chegou junto ao caixão que “levava seu corpo”. Em seguida, conseguiu substituir um dos que carregavam o “defunto” e, aí, desdobrou a manta, baixou a gola do capote, levantou um pouco o chapéu e acabou sendo identificado. Um dos participantes se assustou, e gritou: “Pessoal, o defunto ressuscitou, está vivo, carregando o próprio caixão”! O que provocou sobressalto nos participantes, que correram, ficando Mondin sozinho.
                         Não ganhou aquela eleição, o que não arrefeceu sua disposição. Em 1958 elegeu-se Senador, sendo reeleito, em 1966. Com o término do segundo mandato no Senado, em 1975, foi indicado Ministro do TCU, do qual foi Presidente em 1978. Mondin foi também atleta, líder classista, folclorista, escritor, poeta e Dirigente Nacional dos Escoteiros, quando com ele muito convivi, pois Presidi então a Secção Estadual RS, da Entidade dos Escoteiros, e também, no Congresso Nacional, quando ele era Senador e eu Deputado Federal.
                       A vida política não impediu o desenvolvimento do dote artístico de pintor, estilo neoclássico, que tanto o notabilizou. Suas telas estão espalhadas no Brasil e pelo mundo, inclusive na Casa Branca, em Washington. Também em Brasília, no Senado, e aqui, na Assembleia Legislativa do RS, no TCE-RS, retratando em cores mágicas a história do RS, nossa Serra, campos e paisagens, como tantos episódios da História e cultura gaúcha, ou revivendo figuras sacras, desde o “Cristo Banido”, à “Via Sacra”. O TCE-RS chegou a transformar a reprodução de uma de suas telas, “A Carga Farrapa”, numa honraria.
                 
                                                              Contabilista, economista e advogado.